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  • Foto do escritorApae da Serra

Dia de Conscientização do Autismo: quando o atraso na fala da criança passa a ser motivo de alerta?

Estudos apontam que, até o primeiro ano de vida, as crianças já devem falar algumas palavras.




No dia 2 de abril, é o Dia Mundial de Conscientização do Autismo. No entanto, os sinais que as crianças autistas dão ainda são pouco conhecidas pelos pais, que têm dificuldade em percebê-las. Este é um transtorno do neurodesenvolvimento que causa algum prejuízo na comunicação verbal e não verbal, e muitas vezes também na interação social. Essa condição pode vir acoplada a outras comorbidades, de acordo com Juliana Serrano, pedagoga da Apae da Serra.


Os pais devem ligar o alerta e procurar ajuda médica especializada caso percebam alguns sinais. A dificuldade com a interação social é um ponto muito importante que precisa ser observado, assim como respostas atípicas a alguma situação, sensibilidade a sons e textura de alimentos, dificuldade com a fala e o fato de não estar acompanhando a tabela de desenvolvimento.


“Crianças pequenas, na primeira idade, devem ser observadas. Não existe isso da criança ter o seu tempo. Existem estudos que dizem que a criança com um ano tem que falar determinada quantidade de palavras. Não pode fugir muito disso. Então, se não fala, é um sinal de alerta. Os pais devem buscar ajuda de um pediatra, de um fonoaudiólogo ou de um neuropediatra”, alerta Juliana. Comportamentos repetitivos ou dificuldade de mudanças com a rotina são outros sinais de alerta.


Foi essa observação que fez Débora Vieira dos Santos desconfiar que sua filha, Raquel, pudesse fazer parte do espectro autista. Ela, que é mãe de outras duas crianças que também são autistas, desconfiou do diagnóstico ao perceber que a filha não se comunicava facilmente. “Eu percebi que ela era uma criança que não era de se comunicar com as pessoas. Eu via as coisas restritas dela por causa da fala. A fala dela era diferente. Ela se comunicava apontando, mostrando as coisas. Não que ela não falasse, mas foi aí que eu percebi a repetição, as coisas dela tem que ser tudo da mesma forma, ela é muito rotineira”, conta.




O diagnóstico de autismo é feito através de uma avaliação clínica e comportamental realizada por médicos. O ideal é que seja feita por uma equipe multidisciplinar, com profissionais como psiquiatra, neuropediatra, pediatra, fonoaudiólogo e psicólogo. Após o diagnóstico fechado, é necessário que essa criança tenha acompanhamento para garantir o seu desenvolvimento e proporcionar qualidade de vida para ela.


Débora conta que receber o diagnóstico não foi fácil. “No início eu fiquei meio perdida. Mas agora eu acho que é uma missão. Não é fácil. Minha vida é por conta deles. É só para eles terem uma evolução melhor, para um desenvolvimento melhor na escola. Então, tudo que eu posso fazer, eu faço”, afirma.


Os Transtornos do Espectro Autista podem ser classificados como leves (nível I), moderados (nível II) e severos (nível III). Juliana diz que o diagnóstico não é reversível. O que pode acontecer é a mudança de nível graças ao tratamento realizado. “Às vezes acontece de receber um aluno nível três, e com o suporte e com as terapias, ele passa a ser nível dois, depois, futuramente, chega até o nível um. Ou do nível dois vai pro nível um. Eles conseguem progredir nesse desenvolvimento cognitivo, mas nunca vão deixar de fazer parte do espectro autista”, explica.


Hoje, na Apae da Serra, são atendidos 305 usuários com autismo. A instituição oferece um acompanhamento multifuncional, que conta com psicólogos, neuropediatra, fonoaudiólogos, terapeutas ocupacionais, psicólogos, fisioterapeutas e a equipe do AEE (Atendimento Educacional Especializado). Entre eles, Raquel, filha de Débora. Ela conta que já viu os resultados dos atendimentos.


“Raquel está lá desde dezembro e eu já tenho visto melhoras. A questão dela é comunicação, então esta questão está sendo trabalhada. Ela chega no ambiente que tem mais gente, ela já tenta se socializar. Então é aos pouquinhos, mas esse pouquinho para a gente é muita coisa”, comemora Débora.


“As pessoas só entendem quando têm alguém assim na família. Eu já deixei de sair por causa deles. Hoje não deixo mais. Quando não levo, é por eles. Para que eles não precisem passar por algumas situações. O que está faltando muito é a empatia das pessoas. O autismo não vem destacado, como outra deficiência que é visível. Uma das partes mais complicadas é essa. Por não ser visível, é onde a gente passa muitas dificuldades. Então as pessoas precisavam ter mais empatia”, completa Débora.


Para se especializarem ainda mais no atendimento à pessoa com TEA, a Apae da Serra conta com sete profissionais participando do curso de pós-graduação lato-sensu em ABA – Análise de Comportamento Aplicada, ciência que estuda os comportamentos humanos que são socialmente relevantes, visando entender, analisar e explicar as relações entre os comportamentos humanos com o ambiente e aprendizagem.


1 em cada 36 crianças fazem parte do Transtorno do Espectro Autista (TEA)

No último dia 23 de março, foi divulgado pelo CDC (Centro de Controle de Prevenção e Doenças) dos Estados Unidos o resultado de uma pesquisa a respeito da prevalência de autismo em crianças. De acordo com a publicação, 1 em cada 36 crianças de 8 anos fazem parte do Transtorno do Espectro Autista (TEA).


Este número é 22% maior que o dado anterior, referente à pesquisa divulgada em dezembro de 2021 (a pesquisa é atualizada a cada dois anos), que teve como resultado 1 criança com autismo a cada 44.


No Brasil, não há nenhuma pesquisa que forneça esses dados. Mas, para efeito de comparação, de acordo com a proporção da população brasileira, pode-se estimar que existem 5,95 milhões de autistas no país.


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